Autoridades dos EUA se encontram pela primeira vez com grupo que está comandando a Síria
20/12/2024
O novo dirigente sírio, Ahmed al Sharaa, celebrou uma reunião "positiva" com a delegação, que inclui Barbara Leaf, a responsável pelo Oriente Médio do Departamento de Estado, nesta sexta-feira (20). Imprensa reunida aguardando coletiva de imprensa que deveria ocorrer após encontro de delegação dos EUA com novo grupo no poder na Síria
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Uma delegação dos Estados Unidos visitou a Síria nesta sexta-feira (20) e fez uma série de reuniões oficiais com os novos governantes do país, liderados pelo grupo Hayat Tahrir al-Sham, que tomou o poder após uma ofensiva relâmpago que levou ao fim do regime de Bashar Al-Assad.
Segundo declaração do Departamento de Estado americano, "eles se reuniram com representantes do HTS para discutir os princípios de transição endossados pelos Estados Unidos" e "também discutiram eventos regionais e o imperativo da luta contra o Isis" - sigla do grupo terrorista Estado Islâmico.
Em uma declaração publicada na plataforma de mídia social X, inclusive, o Comando Central dos EUA anunciou que ataques aéreos mataram dois agentes do ISIS, incluindo o líder, Abu Yusif, nesta sexta.
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A principal diplomata do Departamento de Estado para o Oriente Médio, Barbara Leaf, foi uma das presentes, além do enviado presidencial para assuntos de reféns, Roger Carstens, e o conselheiro sênior Daniel Rubinstein, que agora tem a tarefa de liderar o compromisso do Departamento com a Síria.
Eles são os primeiros diplomatas dos EUA a viajar para Damasco desde o colapso do governo de Assad.
O novo dirigente sírio, Ahmed al Sharaa, celebrou a reunião "positiva" com os diplomatas dos Estados Unidos nesse primeiro contato formal com o novo governo interino.
"A reunião ocorreu e foi positiva. E os resultados serão positivos, se Deus quiser", disse à AFP um funcionário do novo governo, que pediu anonimato.
Uma coletiva de imprensa inicialmente prevista pela delegação dos Estados Unidos foi cancelada por "razões de segurança", anunciou uma porta-voz americana em Damasco. Enquanto os jornalistas aguardavam em um hotel da capital síria faltou luz no local.
Após o cancelamento, Barbara Leaf falou a repórteres que a reunião foi "boa" e que al Sharaa se comprometeu a garantir que grupos terroristas não representem uma ameaça dentro ou fora da Síria.
Hotel onde seria realizada a coletiva de imprensa
REUTERS/Amr Abdallah Dalsh
Os Estados Unidos, outras potências ocidentais e muitos sírios ficaram satisfeitos ao ver as milícias lideradas pelo HTS derrubarem o presidente Bashar al-Assad, mas não está claro se o grupo imporá um governo islâmico rigoroso ou se mostrará flexibilidade e avançará em direção à democracia.
Os governos ocidentais estão gradualmente abrindo canais para o HTS e seu líder, ex-comandante de uma franquia da Al Qaeda na Síria, e começando a debater se devem remover a designação terrorista do grupo.
A delegação americana também se encontrou com grupos da sociedade civil e membros de diferentes comunidades na Síria "sobre sua visão para o futuro de seu país e como os Estados Unidos podem ajudar a apoiá-los", afirmou o porta-voz.
A delegação também trabalhou para descobrir novas informações sobre o jornalista norte-americano Austin Tice, que foi levado para cativeiro durante uma viagem de reportagem à Síria em 2012, e outros cidadãos dos EUA que desapareceram durante o governo de Assad.
França, Alemanha, Reino Unido e Nações Unidas também enviaram delegações a Damasco. Os ocidentais temem a fragmentação do país e agora estão atentos às políticas dos novos líderes sobre as minorias e ao futuro das regiões curdas semi-autônomas do norte.
As mulheres são "absolutamente indispensáveis" para reconstruir a Síria, disse Amy Pope, diretora-geral da Organização Internacional para as Migrações (OIM), agência da ONU, nesta sexta-feira.
Nesta quinta-feira (19), centenas de pessoas se manifestaram em Damasco pela democracia e os direitos das mulheres.
"A era do silêncio acabou. Estaremos atentas a qualquer postura que possa prejudicar as mulheres e não a aceitaremos", garantiu Majida Mudarres, uma manifestante de 50 anos.