Afeganistão diz que bombardeio paquistanês no país matou 46 e promete resposta
25/12/2024
Ataque aconteceu na província de Paktika, no leste do Afeganistão. O porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, fala durante entrevista coletiva em Cabul, no Afeganistão, em 17 de agosto de 2021
Reuters
Pelo menos 46 pessoas morreram em um bombardeio realizado pelo Paquistão na província de Paktika, no leste do Afeganistão, na terça-feira (24), informou o vice-porta-voz do Talibã afegão, Zabihullah Mujahid, segundo a AFP.
Mujahid disse que o atentado aconteceu em quatro lugares no Afeganistão e que seis pessoas ficaram feridas. A informação foi divulgada nesta quarta-feira (25).
"O Afeganistão considera esse ato brutal uma violação flagrante de todos os princípios internacionais e um ato óbvio de agressão... O Emirado Islâmico não deixará esse ato covarde sem resposta", disse Enayatullah Khowrazmi, porta-voz do Ministério da Defesa Nacional.
Uma fonte das forças de segurança do Paquistão afirmou à AFP que os ataques foram executados por aviões e drones contra "esconderijos de terroristas".
O Paquistão afirma que grupos armados, como os talibãs paquistaneses da organização chamada de TTP, utilizam o território afegão como base de retaguarda para executar atentados — o que o governo talibã afegão nega.
Apesar do porta-voz do Talibã afirmar que a maioria das vítimas eram mulheres e crianças, a fonte paquistanesa rejeitou a afirmação de que civis morreram nos ataques e citou as mortes de pelo menos 20 talibãs paquistaneses, segundo a AFP.
Malil, um morador de Barmal (distrito da província afegã de Paktika, na fronteira com o Paquistão), afirmou à AFP que "duas ou três casas" foram atingidas por um bombardeio na terça-feira à noite.
"Em uma casa morreram 18 pessoas, uma família inteira", disse.
Escalada de tensões
Os países vizinhos estão em clima de tensão.
Na semana passada, 16 soldados paquistaneses morreram em um ataque contra uma base militar perto da fronteira com o Afeganistão. O atentado foi reivindicado pelos talibãs paquistaneses.
A situação ficou especialmente crítica desde março, quando o Talibã acusou o Paquistão de realizar dois ataques aéreos em seu território, matando cinco mulheres e crianças, de acordo com a Reuters.
Na época, o Paquistão reconheceu que havia conduzido "operações antiterroristas baseadas em inteligência" no Afeganistão, mas não especificou a natureza das operações.
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